Parceria entre o MUPA e o Laboratório de Física Nuclear Aplicada da UEL analisa obras de Iria Correa 11/06/2025 - 09:35

Pesquisadores do Laboratório de Física Nuclear Aplicada (LFNA), da Universidade Estadual de Londrina, estiveram no Museu Paranaense (MUPA) para estudar doze obras da artista paranaense Iria Corrêa (1839 – 1887). Nascida em Paranaguá, Corrêa foi pioneira na produção artística paranaense, dedicando-se ao retrato e à natureza morta, desenvolvendo carreira em uma época em que as mulheres eram invisibilizadas enquanto profissionais.
Os cientistas analisaram as obras com sete técnicas: Fluorescência de Raios X, Espectroscopias Raman e de Infravermelho Próximo, Ultravioleta (UV), Microscópio Digital, Colorímetro e ColorChecker. Essas técnicas permitem obter diferentes informações como, por exemplo, a composição elementar e molecular das tintas usadas pela artista, a identificação de pontos de restauro, imagens ampliadas de pontos das obras, e análise das cores. As informações permitirão criar uma documentação científica de cada obra estudada.
Em 2019, o MUPA apresentou a exposição individual “Em Foco: Iria Corrêa” e, posteriormente, duas de suas obras participaram da exposição “História das mulheres: artistas até 1900”, do MASP. Desde 2023, três de suas pinturas a óleo e um álbum de aquarelas estão em exposição na mostra “Objeto Sujeito”, que ativa o acervo histórico do MUPA. “Essa parceria reforça nosso compromisso com a pesquisa e valoriza ainda mais o acervo de Iria Corrêa, unindo ciência e memória para ampliar o reconhecimento de uma artista pioneira no Paraná”, afirma Gabriela Bettega, diretora do MUPA.
O Laboratório de Física Nuclear Aplicada (LFNA) é um dos pioneiros no Brasil em trabalhos da área de Arqueometria, desde a década de 1990. O grupo possui um laboratório móvel, que permite levar aos museus os equipamentos científicos necessários para estudar as obras. Avacir Andrello, coordenador do LFNA, destaca que “este trabalho é muito importante no sentido de fornecer dados científicos das obras da artista paranaense Iria Corrêa, e firmar ainda mais a parceria de trabalhos em Arqueometria entre o LFNA, da UEL, e o MUPA”.
O grupo já desenvolveu trabalhos com museus nacionais, como o MASP e o Museu de Arqueologia e Etnologia (USP), além de várias colaborações internacionais. Os materiais estudados vão de pinturas, cerâmicas arqueológicas e pinturas rupestres a esculturas metálicas e de madeira, metais (moedas de ouro, prata) e pinturas murais.
Segundo Carlos Roberto Appoloni, coordenador do projeto que é financiado pelo CNPq, “a caracterização arqueométrica de pinturas de Íria Corrêa é uma importante continuidade dos trabalhos que o LFNA tem realizado há décadas com o MUPA, seja no estudo de objetos do museu, seja no estudo de sítios arqueológicos paranaenses com pinturas rupestres”. Além de Appoloni e Andrello, integram o grupo a pesquisadora e antropóloga do MUPA Claudia Inês Parellada, Fabio Luiz Melquiades, Eduardo Inocente Jussiani, Rafael Molari e Letícia Martins Birelo.