Objeto Sujeito

  

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​​​​​​LONGA DURAÇÃO

Em cartaz a partir de 12/2024

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Objeto Sujeito é uma mostra de longa duração que põe em diálogo os trabalhos de doze artistas brasileiros contemporâneos com o acervo histórico do museu. A exposição é uma incursão profunda na trajetória do MUPA e na história do Paraná, a partir de eventos históricos que ganham novas camadas de interpretação no presente.

São mais de 140 obras e itens do acervo postos em relação com as obras – em sua maioria inéditas – de Arthur Palhano, Clara Moreira, C. L. Salvaro, Érica Storer, Frederico Filippi, Gustavo Magalhães, Gustavo Caboco, Isis Gasparini, Josi Souza, Laryssa Machada, Pedro França e Willian Santos. As diferentes linguagens, como fotografia, pintura, escultura e vídeo, mobilizam, a partir do acervo, temas como a instituição museal, a transformação da paisagem, a literatura simbolista, a exploração ambiental, o esporte e a política.

A mostra é realizada pelo coletivo curatorial formado por Pollyana Quintella curadora convidada, e Felipe Vilas Bôas e Richard Romanini, da equipe do MUPA.

 

geral objeto sujeito
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Texto curatorial 

[...] você nunca vai saber

o que vem depois de sábado

quem sabe um século

muito mais lindo e mais sábio

quem sabe apenas

mais um domingo [...]

(Paulo Leminski)

 

Sabe-se que é difícil imaginar sem mergulhar, com mais ou menos intenção, nas gavetas do passado. Imaginar (isto é, expandir os horizontes negociáveis do possível) implica engajar-se com nossas próprias experiências e repertórios constituídos historicamente. Mas também não é possível lembrar sem uma dose de fabulação. Como diria Waly Salomão, a memória “é uma ilha de edição”, inclusive ameaçada de apagamentos, fraudes e obliterações. Por isso, passado e futuro são vetores que se entrecruzam e se transformam continuamente; ambos são campos de batalhas que não cessam, cujo espaço de significação simbólica se dá no próprio presente. 

O poema de Paulo Leminski (que empresta título a esta exposição) nos leva ao cerne desta experiência temporal ambígua. Rompendo com percepções lineares e circulares do tempo, o poeta desnuda a desordem dos acontecimentos em um emaranhado de experiências, no qual os passados atuam no presente lidando com expectativas e desejos do amanhã. A subversão da lógica cartesiana coloca os sujeitos históricos, os agentes da ação social, não mais em oposição aos objetos, mas em sintonia, desafiando a fronteira da alteridade na busca por um espaço capaz de costurar realidades. O aqui também é lá e o eu também é o outro. 

Na história, palavra polissêmica e ambígua, travam-se combates entre o que ocorreu e o que se produziu sobre o ocorrido, buscando preencher pertencimentos e significados que oscilam entre interesses, sujeitos e formas de identificar, combinar e narrar acontecimentos. Quando a minha história é narrada pelo olhar de um outro, eu sou seu objeto. Quando posso contar a minha história, sou sujeito. 

Nesta exposição, as temporalidades estão interconectadas. Fatos e eventos foram selecionados não por sua excepcionalidade, mas pela sua historicidade, ou seja, caráter histórico transformador, que de forma explícita ou implícita dizem respeito à trajetória do Museu Paranaense: seus acervos e narrativas eleitas e propagadas ao longo do tempo. A história do relato da verdade, dos fatos exemplificadores e transformadores do mundo faz parte da trajetória do Museu. Por muito tempo, os vultos de homens e símbolos guiaram uma história que se voltou ao passado em busca de explicações para um futuro infinito. A História (com H maiúsculo), aquela desenvolvida nos centros de investigação universitária, desenvolveu outros caminhos para questionar as narrativas generalizantes e factuais, produzindo novas lógicas que nem sempre conversam com a história (com h minúsculo), que se apresenta no nosso cotidiano permeado de diversos significados. 

Na encruzilhada das histórias possíveis está o Museu, espaço de mediação, que ao criar diálogos transdisciplinares mobiliza ideias e debates capazes de constituir novas camadas de transformação em si e nos sujeitos. Por isso, optamos por convidar artistas para responder ou dialogar com os objetos históricos do acervo do Museu, de modo a estressar narrativas, deflagrar ausências e atualizar pontos de vista. Em outras palavras, historicizar o acervo histórico existente com formas contemporâneas de linguagem permite a emergência de novos afetos constituidores de histórias. Articulando o local e o global, o macro e o micro, esta mostra realiza-se como um exercício de articulação de unidades históricas no espaço e tempo a partir de experiências e expectativas do presente. “Objeto Sujeito” busca reforçar que ser contemporâneo não implica se limitar a um presentismo encerrado no aqui e agora. Ao contrário, aqui a contemporaneidade pode ser lida enquanto cotemporalidade, uma concordância de tempos múltiplos, em disputa. 

 Texto institucional

A exposição “Objeto Sujeito”, fruto de nove meses de trabalho até a sua materialização, transpõe as fronteiras da instituição, promovendo a incorporação de novos acervos e um processo curatorial alargado. A mostra é uma parceria com a curadora Pollyana Quintella (Pinacoteca de São Paulo), que, junto à equipe do Museu Paranaense (Felipe Vilas Bôas e Richard Romanini), mobilizaram o acervo da instituição e selecionaram trabalhos artísticos para a exposição. A partir disso, incorporaram-se novos itens ao acervo.

As novas aquisições, variadas em suas tipologias, origens e discussões, agregam mais uma camada ao acervo, ampliando os níveis de discussão sobre construções narrativas e promovendo diálogos críticos entre bens históricos e práticas visuais contemporâneas.

Oriundos(as) de lugares sociais e territoriais diversos, os(as) artistas Isis Gasparini, Laryssa Machada, Gustavo Magalhães, Arthur Palhano, Clara Moreira, Josi Souza, Frederico Filippi, Willian Santos, C. L. Salvaro e Pedro França, além dos já conhecidos trabalhos de Érica Storer e Gustavo Caboco, com nova configuração, inserem frescor e pontos de questionamento na exposição, que, ao abordar unidades da história e sua relação direta e indireta com o MUPA, incitam a reflexão sobre o que seria a própria história e as suas formas de contar. Colaboram ainda empréstimos realizados junto a instituições parceiras: Museu Oscar Niemeyer, Museu da Imagem e do Som do Paraná e Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, fortalecendo laços institucionais. Destaca-se, ademais, o amplo trabalho de restauro, que devolve ao público obras de Frederico Lange de Morretes e Alfredo Andersen com novo fôlego e capacidade de conservação.

Os esforços do MUPA buscam atender a demandas da comunidade e da própria instituição, reforçando vínculos e produzindo um espaço de experiência pública capaz de mediar histórias, tempos e narrativas em múltiplas escalas e esferas de discussão.

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