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A exposição individual da artista mineira Marilá Dardot traz ao público um conjunto de trabalhos que  atravessam, entre outros pontos, a memória constituída pela cultura: de obras que lidam com livros, literatura e linguagem até as que tratam de temas apagados da história por posições políticas, censura, gênero ou pelo tempo.

Nos últimos anos, Dardot tem constituído um grupo de trabalhos a partir da observação de narrativas históricas que passam por recorrências, sobreposições ou pela efemeridade das notícias.

Além disso, de acordo com Luisa Duarte, pesquisadora que assina o texto crítico da exposição, os trabalhos de Dardot tocam em questões sensíveis do presente (o clima, o capitalismo, a democracia, as gastas epistemologias ocidentais, as falsas promessas tecnológicas) e estabelece relações com o campo da linguagem.

 

Marilá Dardot. O Brasil O Brasil, 2022. Cortesia da artista e da Galeria Vermelho.

 

Texto curatorial 

É consenso que vivemos uma época na qual muito ao nosso redor parece entrar em crise: o clima, o capitalismo, a democracia, as gastas epistemologias ocidentais, as falsas promessas tecnológicas. Diante dessa constatação se torna evidente a necessidade de alterarmos os modos de funcionamento da nossa sociedade. Mas é justamente aí que nos vemos diante de outro impasse. Testemunhamos um momento no qual a imaginação política parece entrar em compasso de bloqueio. Imaginar, isto é, expandir os horizontes negociáveis do possível, seria o gesto inicial para a transformação do porvir. Se as imaginações estão obturadas, como começar a transformar o presente e reverter a trilha que semeia um futuro distópico? Parte do que origina esse estado de imaginação obturada não estaria no fato de que há uma linguagem nova que deveria emergir? Ou seja, uma outra e inaudita gramática deveria aflorar como uma espécie de motor para as mudanças, mas, entretanto, não aflora.

Toda a exposição “ainda sempre ainda”, de Marilá Dardot, toca nessa região sensível do presente e estabelece uma relação com o campo da linguagem. Se é verdade que somos atravessados por palavras cotidianamente – nos portais da Internet, nas redes sociais, nos grupos de WhatsApp, nos jornais, nas revistas, nos livros – também é fato que essas parecem a cada dia mais gastas, menos fortes em sentido, peso, consequência. Por isso as palavras aparecem aqui desviadas de seus lugares e usos originais. Surgem agora recortadas, editadas, coladas, aproximadas, rasgadas, pintadas, para que, nesses reviramentos, possam voltar a dizer no significado pleno do termo. E, mais ainda, possam vir a agir.

Na grande instalação “Modelo para armar”, substantivos cortados de revistas publicadas no Brasil desde 1973 (ano de nascimento da rtista) são colados sobre pedaços de caixas de papelão. Fragmentados, formando um quebra-cabeça incompleto, são convites para que cada um de nós estabeleça novos sentidos. Da arte ao desafio, da branquitude ao racismo, da democracia ao colapso, do pensamento ao pranto, todos estão ali para tecer outras narrativas históricas, políticas, afetivas e, ainda, revelar por meio das suas diferentes escalas a importância que cada um destes tem para a mídia impressa. Nesse gesto rizomático, a artista desfaz a narrativa oficial em favor de outras ainda em aberto (como as caixas), prontas para serem escritas, armadas, articuladas.

“Modelo para armar” condensa procedimentos e questões que estão espraiados pelo conjunto da exposição. Em todas as obras aqui reunidas comparece o uso de materiais simples, encontrados no cotidiano. Essa escolha não é acidental. Parece estar sendo dito aí que devemos começar a alinhavar essas outras narrativas desde já, com o que temos à mão, à luz das urgências do presente. É nesse sentido que Marilá Dardot tece, em cada trabalho, um vínculo entre palavra e ação, afirmando crítica e poeticamente que estabelecer outros usos para a linguagem é um dos modos de não nos assujeitarmos ao fracasso ininterrupto do agora e, assim, irrigarmos outras imaginações para o porvir.

Luisa Duarte

 Texto institucional

O Museu Paranaense (MUPA) recebe “ainda sempre ainda”, exposição individual da artista Marilá Dardot. Formada por um conjunto de objetos e instalações, com livros e mapas, seus trabalhos aqui apresentados tomam a palavra como elemento central e convocam a presença do público como espectador-leitor — sujeitos que criam imagens e novos significados a partir do que o conjunto de palavras evoca.

Marilá Dardot possui uma extensa produção artística que se apresenta em vídeos, fotografias, instalações, esculturas entre outros meios. A linguagem e a literatura, articulados ao interesse de analisar temas apagados pelas história e a efemeridade das notícias, têm figurado como o motor de sua criação. Nesta exposição, que acontece em meio às atividades vinculadas aos 200 anos de Independência, Dardot reflete, entre tantas coisas, sobre linguagem, história e memória do Brasil. A exposição é um convite a pensar sobre o país por meio da arte.

“ainda sempre ainda” ocupa a sala Lange de Morretes de setembro de 2022 a fevereiro de 2023. Este espaço, dedicado às exposições de curta e média duração realizadas em parceria com outras instituições, ou por meio de convites, é um local pulsante do museu — pela movimentação que proporciona e pelo grau de experimentação dos projetos apresentados nele —, e traz obras e acervos para além das coleções da instituição.

A presença da arte contemporânea faz parte da reorientação do MUPA que vem, desde 2019, buscando criar diálogos entre seus campos tradicionais de pesquisa — arqueologia, antropologia e história — e as diferentes linguagens artísticas. Essa atuação possibilitou investigações sobre objetos de valor histórico e cultural por agentes dos campos científicos e artísticos, permitindo uma ampliação no entendimento sobre a cultura material e imaterial salvaguardada na instituição.

Luisa Duarte

 

Regua de logo 2021-2022

 

GALERIA DE IMAGENS

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    Foto: Eduardo Macarios

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