Coisas vivas (Temporada França-Brasil 2025)
A Temporada França-Brasil 2025 chega ao Museu Paranaense com um evento multidisciplinar que entrelaça diálogos, acordes e olhares. Inspirados pelas temáticas norteadoras da temporada, colocamos em cena a diversidade da relação entre Brasil e França, evocando também os profundos laços históricos com o continente africano. Desse encontro, ainda que forçado, marcado pela violência colonial, emergiram expressões culturais que hoje estão profundamente enraizadas, tanto no Brasil quanto na França.
O desejo de resgatar essas raízes impulsionou parcerias que tornaram possível uma programação singular. Em um dos encontros, as relações entre ecologia e estruturas sociorraciais são pensadas a partir de narrativas ambientais e artísticas, em uma conversa que reúne olhares múltiplos: o de Maya Mihindou, artista e jornalista franco-gabonesa cuja trajetória transita entre artes visuais e ativismo; o de Blick Bassy, músico camaronês que articula sua prática artística a uma forte dimensão política; e o de Diambe, artista não binárie, que também participa da exposição temporária ao lado de Ayrson Heráclito, referência central na arte contemporânea brasileira. A mediação de Renato Menezes, curador da Pinacoteca de São Paulo, conduz a conversa no entrecruzamento de histórias, linguagens e cosmologias.
A aproximação entre Diambe e Ayrson se dá por meio de pesquisas e poéticas que atravessam territórios, temporalidades e cosmologias diversas, com ênfase em perspectivas afrodiaspóricas capazes de desafiar paradigmas ocidentais dominantes. Interseccionando ancestralidade, ativismo e sonoridades transatlânticas, o programa celebra ainda uma performance musical de Blick Bassy, que canta em bàsàa, sua língua nativa, reafirmando a potência de uma expressão que resiste ao apagamento.
Articulando práticas artísticas e ativismo em torno de dimensões antirracistas e emancipatórias, esse encontro convida o público a imaginar novas alianças e solidariedades a partir das artes, da memória e da escuta. É desse dinamismo e da organicidade das coisas vivas que nasce este evento realizado pelo MUPA, em parceria com Agir pour le Vivant, Institut Français, Aliança Francesa e com o apoio da Galeria Simões de Assis.